Poetar
Uma vez perguntaram-me o que era poetar
Expliquei que não sabia, mas era fácil descobrir
É só parar e pensar
Poetar é amanhecer
Poetar é anoitecer
É ver nascer
É desaparecer
É ajudar um irmão
Vencer uma batalha
Achar dinheiro
Achar coragem
Poetar é aguardar
Poetar é conseguir
É ver o sonho tornar-se
É sentir um carinho
É atravessar uma rua
Admirar uma estrada bonita
Ajudar a velhinha
Rir com a criança
Poetar é escutar
Poetar é compreender
É assistir a vida
É ler uma poesia
É estudar sem obrigação
Descobrir uma nova estrela
Sentar no sofá
Conversar com o vizinho
Poetar é ler mil livros
Poetar é encantar
É assistir a um bom filme
É ver a vida passar
É rir de si mesmo
Rir de uma criança
Rir da própria sorte
E achar a esperança
Ode á lua
Quando vejo surgir a curtos passos
No horizonte escuro a luz da lua
Apagando o brilho das estrelas e
Radiando a alma dos poetas
Percebo, então, que ela não é mais minha
Na verdade, já foi de tantos
E de tantos continuará sendo
Já foi cantada em tantos versos
Quem sou eu para homenageá-la?
Só queria que ela me visse
Sentisse o que eu sinto
Sonhasse o que eu sonho
E não ficasse tão só como agora estou
Pois ela está lá
Cercada de astros
Nem chega a ser o maior
Mas na referência de quem ama
Ela é inigualável
Incomparável
Insubstituível
Ah, o amor!
Quem sabe a lua não foi criada como uma ode ao amor?
Para fazer brilhar as pupilas dos apaixonados
Ou quem sabe ela não foi criada para iluminar o caminho dos desamparados?
Não importa
Aos olhos de quem vê, a alma dá as formas
No caminho de quem sonha, o deliro é o combustível
A fé é quem guia
E a lua... A lua é a lua!