POESIAS

A CASINHA VERDE

No topo do morro veja a casinha verde

Que me traz recordações e um sentimento que não sei explicar

A casinha verde que pintei em tinta óleo

E ao seu redor árvores verde-esperança de uma vida mais feliz

Um pouco mais ao sul, uma casa da mesma cor

Porém um verde-rachado, cor de quem convive com a pobreza

Onde surge uma melancolia e saudosismo corroendo o fundo d’alma

Um menino bem moreno completa a paisagem

Brincado com a lama e pedrinhas no chão

Vestindo uma camiseta pobre

Mas com o espírito rico

E sua mão ao fundo, perto das bananeiras

Estendendo a roupa branca em um varal improvisado

Cantarolando uma melodia que não me é estranha

Enquanto o cachorro late para um barulhento caminhão

E eu aqui invejando

Sentado em meu escritório

Olhando pela janela

Fantasiando meus sonhos

Querendo estar como a criança

Sem gozar preocupações

Apenas ao pé da sombra

Ouvindo minha mãe cantar

Ouvindo o cachorro latir

Ouvido o vento soprar

Saudando a casinha verde

Com cheiro de café quente

 

 

A LUTA

Neuman Guimarães

 

 

Lutei, a luta inglória de quem já não sabe o que é esperança

O morte ronda o sentimento no gatilho da criança

A voz armada de quem descobriu na noite a cor da luz

A ignorância deste mundo que a todos nos conduz

 

Sonhei, talvez com a vergonha que o homem nunca quis

Bradei, aos cantos quatro ventos na igreja da matriz

Chorei, ao ver meu pensamento me jogando à podridão

Sorri, ao ver aquele corpo, pois não era meu irmão

 

E a dor é a mesma me cura e ao mesmo tempo me procura

O medo cresce e com ele o sentimento de amargura

O céu e a terra e tudo mais que viajei nos olhos teus

Perdi você, quem disse? Só quem sabe é meu Deus

 

Só meu Deus, só meu Deus...

 

Sonhei, talvez com a riqueza, muitos falam, poucos têm

Bradei, contra a ignorância das palavras de alguém

Chorei, não pude acreditar que todos sonhos foram meus

Sorri, ganhei, mas agora só quem sabe é meu Deus

 

Só meu Deus, só meu Deus...

 

CAUSÍDICO

Exímio causídico de voraz sabedoria

Conhecedor dos vernáculos e obstáculos

Carrega o ônus de nossa amizade

Sempre caloroso aos apelos dos carecidos

 

As vezes ordinário em suas ações

Alínea em nossos atribulados dias

Inciso de nosso longínquo labutar

 

Exigente, graças a Deus

Vigilante de nossos desacertos

Mas sempre companheiro

Sabe que não somos puro estímulo

 

Pessoa de puro honor

Consultor de fatores incertos

Insólito nas ciências ocultas do direito

 

Profissionalmente promissor

Vai ser pai também, quem diria

Mas nem tudo é perfeito

Está sofrendo com a acomia

Ex radice

 

 

 

 

CONDINUE A ANDAR

 

Ei, você!

Por que está indo embora?

Ainda há muito por fazer!

Ainda é tempo de sonhar!

Não desista; precisamos de você.

Não é por acaso que vim aqui lhe chamar.

Sei, você acha que não pode conseguir...

Mas quantos não queriam estar em seu lugar?

Só você pode ler o seu caminho.

Só você pode ver onde está e para que futuro irá!

Não pense que vai ser fácil.

Não!

Mas quem quer que seja fácil?

Não há graça.

Não há desafio.

Não há vitória.

Ok, tudo bem, não precisava também ser tão difícil...

Mas é.

Então levante a cabeça e veja.

Continue a andar!

Estarei logo atrás, no caso de você cair.

Não se preocupe se eu cair também.

O importante é continuar.

Vai ser difícil para ambos.

Mas eu não me importo; não posso é ficar parado.

Pois se paramos, a vida anda e a gente fica no mesmo lugar.

Bom, se você quiser ficar onde está...

Eu vou continuar andando!

Mas pelo brilho em seus olhos, vejo que vamos nos encontrar lá.